Três semanas
O jejum de 17 de Tamuz será dia 24 de julho de 2016 (Domingo) Horários do Jejum
O dia 17 de Tamuz é marcado por tristeza e luto; um dia de jejum e introspecção para o povo judeu. Marca a data em que os romanos romperam as muralhas de Jerusalém para darem início à destruição do Segundo Templo, no ano 70 EC. Nessa mesma data Moshê quebrou as tábuas ao ver o povo judeu adorando o bezerro de ouro.
As três semanas mais tristes de nosso calendário vão do dia 17 de Tamuz até 9 de Av -Tishá BeAv. São marcadas por um período de luto pela destruição do Templo Sagrado e o consequente exílio físico e deslocamento espiritual - no qual ainda nos encontramos: a galut.
É chamado de ben hametsarim - "entre os apertos", baseado no versículo (Echá 1:3) que declara: "Todos seus perseguidores alcançaram-na dentro dos apertos." Os Sábios (Echá Rabá 1) explicam que 'dentro dos apertos' refere-se a dias de aflição que ocorreram no período entre 17 de Tamuz e 9 de Av. Nesse período, muitas calamidades abateram-se sobre o povo judeu através das gerações. Foi durante este período, dentro dos apertos, que tanto o primeiro quanto o segundo Templos foram destruídos. Este período foi portanto estabelecido como um tempo de luto pela destruição dos Santuários.
Durante essa época, diminuímos a extensão de nosso júbilo. Casamentos não são realizados, abstemo-nos de ouvir música, dançar, fazer viagens recreativas, e de cortar os cabelos ou barbear-nos. Segundo o costume sefaradita, que é baseado na opinião de Bet Yossef, cortes de cabelo são permitidos até a semana na qual Tish'á Beav realmente cai.
Costuma-se não recitar a bênção Shehecheyanu nesse período. Dessa maneira, não vestimos roupas novas ou ingerimos frutas que ainda não tenham sido comidas nessa estação, para que não tenhamos que recitar Shehecheyanu. Entretanto, quando confrontados com uma oportunidade de cumprir uma mitsvá que passará - como por exemplo, uma circuncisão ou um pidyon haben - então é feita a bênção. Da mesma forma, se uma fruta nova estiver disponível nesse período de três semanas e talvez não esteja depois, Shehecheyanu é recitada. Como é costumeiro permitir que seja recitada a bênção no Shabat, é preferível guardar a nova fruta até o Shabat. Uma mulher grávida que tenha vontade de comer a fruta, porém, ou uma pessoa doente que necessita dela para sua saúde, pode recitar Shehecheyanu durante as três semanas.
Costuma-se ser ainda mais cuidadoso que o normal ao se evitar situações perigosas. Pessoas devotas separam um período de tempo para reflexão e luto pela destruição de ambos os Templos. Em algumas comunidades costuma-se recitar o Ticun Chatsot mesmo ao meio dia.
Reflexões sobre o mês de Tamuz
Há alguns fatos que ocorreram nessa data e que merecem ser citados.
O dia 17 de Tamuz é um dia de jejum em lembrança à cinco tragédias que assolaram o povo judeu em diversas épocas de sua história. O primeiro desses foi o fato de Moshê ter quebrado as Tábuas da Lei. Nas preces de Selichot, rezadas nesse dia, há menção à quebra das Tábuas, sem referência ao motivo (o bezerro de ouro). Isto porque a milagrosa escrita Divina gravada nas Tábuas nunca mais foi recuperada. Foi perdida para sempre essa forte revelação Divina cujas letras estavam gravadas de fora a fora, de forma legível sob qualquer ângulo e cuja mensagem podia ser claramente transmitida, sem qualquer possibilidade de distorção.
O número 21 (soma dos dias das Três Semanas) forma a palavra hebraica Ach, que significa apenas; 17 (de Tamuz) tem o valor numérico da palavra hebraica Tov, bem. Ambas iniciam um versículo que diz: "Ach tov Leyisrael", "Apenas o bem para Israel". Isto mostra que, de modo mais profundo, os acontecimentos desagradáveis das Três Semanas, na realidade, levarão somente a coisas boas.
Número três, no judaísmo, representa perfeição e eternidade. E assim está escrito: "A corda tríplice não se desmanchará facilmente". De fato, esse número é recorrente: há três Patriarcas, três Festas de Peregrinação, a Lei Escrita é composta de três partes (Torá, Neviim e Ketuvim), entregue no terceiro mês após a saída do Egito, ao povo judeu formado por três grupos (Cohen, Levi e Yisrael) etc.
Se o número três é tão significativo, por que então tantas tragédias recaíram sobre o povo judeu durante as Três Semanas? A resposta é que todo esse sofrimento são etapas que levam à Era Messiânica. Isto é aludido ao fato de os dois jejuns, 17 de Tamuz e 9 de Av, sempre coincidirem com o mesmo dia da semana do Sêder de Pêssach, quando comemoramos a saída do Egito e nossa libertação.
O dia 9 de Av, Tishá BeAv, celebra uma lista de catástrofes tão graves que é claramente um dia especialmente amaldiçoado por D'us. O Primeiro Templo foi destruído nesse dia. Cinco séculos mais tarde, conforme os romanos se aproximavam do Segundo Templo, prontos para incendiá-lo, os judeus ficaram chocados ao perceber que o Segundo Templo foi destruído no mesmo dia que o Primeiro.
Quando os judeus se rebelaram contra o governo romano, acreditavam que seu líder, Shimon bar Kochba, preencheria suas ânsias messiânicas. Mas suas esperanças foram cruelmente destroçadas em 135 EC, quando os judeus rebeldes foram brutalmente esquartejados na batalha final em Betar. A data do massacre? Nove de Av, é claro!
Os judeus foram expulsos da Inglaterra em 1290 EC em, você já sabe, Tishá BeAv. Em 1492, a Idade de Ouro da Espanha terminou quando a Rainha Isabel e seu marido Fernando ordenaram que os judeus fossem banidos do país. O decreto de expulsão foi assinado em 31 de março de 1492, e os judeus tiveram exatamente três meses para colocar seus negócios em ordem e deixar o país. A data hebraica na qual nenhum judeu mais teve permissão de permanecer no país onde tinha desfrutado de receptividade e prosperidade? A esta altura, você já sabe que é 9 de Av.
Pronto para mais? A Segunda Guerra e o Holocausto, concluem os historiadores, foi na verdade a conclusão arrastada da Primeira Guerra, que começou em 1914. E sim, a Primeira Guerra Mundial começou, no calendário hebraico, a 9 de Av - Tishá BeAv.
O que você conclui disso tudo? Os judeus veem esses fatos como outra confirmação da convicção profundamente enraizada de que a História não ocorre por acaso; os acontecimentos - mesmo os terríveis - são parte de um plano Divino, e têm um significado espiritual. A mensagem do tempo é que há um propósito racional, muito embora não possamos entendê-lo.